quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Entre a dor e o disfarce


A procura de alívio, vou-me definhando
A vida quer de novo apanhar-me
embora só tenha me batido

E o cansaço nos ombros pesa
a dor de quem doa demais
a dor de não encontrar quem me encontre


Amordaço o amor em busca de algum horizonte
e entre a dor e o disfarce
me julgam sem me enxergar

-isso são dores, são dores de amores,
mas há de passar

E pelo estado em que me veem transpassar
ainda conseguem pedir para que eu espere
e trazem meio fôlego
enquanto eu o trago lentamente.


Estiro-me depressiva e exaurida
condenada pela doença que não depende de tempo
tampouco espaço para deixar-me

Me dê mais uma pílula
e uma dose de vida
sem gosto de lágrimas

Já estou vestida das dores
abandonei o disfarce
que já não me serve mais.

3 comentários:

  1. "...me julgam sem me enxergar..."
    Eu acho que é bem nessa frase que nascem todos os males, das dores disfarçadas ou escancaradas: Nos julgam sem nos enxergar... nos julgamos sem nos enxergarmos. Acreditamos no reflexo estranho que a vida dá e que desconhecidos nos contam, e a partir dele, vamos em busca de uma felicidade que nunca será alcançada, porque simplesmente não existe da forma contada. E aí, todas as dores do mundo parecem ter o número exato do nosso corpo e alma...

    Teu texto apertou o peito. Espero que essa roupa de dor ganhe logo um substituto chamado sorriso...

    Bjo

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  2. "Estou vestido de dores..."

    "me dê uma dose de vida sem gosto de lágrimas"

    É nossa crise, nossa confusão, nosso tentar se achar em meio aos desejos de ser resgatado, ai então vemos o ponto em que nos perdemos e tentamos voltar pra ele, quando o que temos que fazer é seguir a partir dele, nos agarrarmos as pessoas que nos alimentam de bem, porque é isso o que importa em nossa vida acima de tudo: pessoas. Bebermos a vida pra poder exala-la.

    Querida sabe meu apreso, carinho e cuidado
    Lindo texto

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  3. Dois grandes dilemas:

    Ninguém nunca sabe o que de fato trazemos no peito e a vida que nos soca, também não tem muita paciência para esperar a recuperação.

    Eu também fico tão tão cansada deles, cansada de mim e essa minha mania de pular no abismo, esperando ser forte o bastante, sobreviver, só para viver um pouquinho, só para sentir aquele vento na pele, só para ventilar o coração que anda tão apertado.

    Eu espero que sorriso sinceros e momentos felizes estejam chegando para ti lindeza.

    Bjão

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