segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Eu sinto que sei


Odeio a mania chata que as pessoas têm de avaliar o que você se sente.
Eu sei o que sinto, e sinto, ainda, necessidade de afirmar.
Eu sei que é amor! Eu sei que é amor porque não me foi auto imposto.
Porque amar não é uma regra, e, se assim fosse eu não faria questão.
Eu sei que o amo porque eu desafiei a vida e sua mania suja de esfregar na minha cara quantas vezes eu a quebrei, dizendo que eu não teria colhões para amar novamente.
Eu sei que é amor porque venci os meus medos, sem guerras. Eu não os enfrentei.
Eu simplesmente pedi ao medo que fosse embora porque alguém mais forte havia assumido o comando.
Ele, o amor!

Sim, eu o amo.
O amo porque meus olhos conversam com os dele.
Porque a sinestesia é explícita quando minha pele arrepia ao som da sua voz.
É amor, eu sei, porque a ausência presente não o apagou nem minguou o que eu sinto
.
Sei que é amor, porque é longe de ser perfeito e mesmo com todos os defeitos ele não se esvai.
É amor, porque foi ele quem me encontrou e eu não pude fugir.

É amor, porque é clichê, mas não é enfeitado, nem encantado.
É áspero e dolorido e ainda assim não me desencanto.
É torto, meio abnegado, é apegado, mas é amor!
É o jeito que eu soube amar.

E que seja errado, surrado, borrado.
Projetado ou idealizado.
Eu sinto e ponto!

Eu sei...
É amor que eu sei!
Porque mesmo duvidando do seu, eu ainda não sei desamar.

Eco do amor


E o pesar da raiva me obriga a expulsá-la
me dói nos ombros
me deixa aos prantos

Desafetos por quase
ninguém.

Tenho meus fantasmas que,
de quando em vez, os faço calar.
e fica um vazio tão grande.
chega a ecoar

E eu grito pelo amor, meu cúmplice,
e ele não responde

"onde? onde? onde?"

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Apego ao desapego


Canalize a raiva e
use-a
de modo que contribua
para desapegar-se.
Cumprido o seu papel
desapegue-se da raiva
também.

Encoraja-te e lide com sua dor
mas não crie expectativas de que
a sintam também
Amordace o amor.


E se o sofrimento é unilateral
boa coisa não havia de ser.

Pois enquanto se desmancha em lágrimas,
inunda o teu travesseiro e encoleriza a tua alma
ele, no mínimo,
estará desejando uma bunda de quatro.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Enquanto eu viro a página


Doar demais. Doer demais...


Minha mágoa quase transpassa a espessura do meu peito.
Chove lá fora. Aqui dentro, é tempestade...

As músicas não inspiram mais, a bebida não diverte, o sono não descansa.
Olho pros lados e não encontro nada onde a bula diz "alívio".
E o mundo? Ah, o mundo está se dando ao luxo de virar o calendário.
E no escuro, eu tento apenas virar minha página. Minha página cheia de rasuras.

Mantenho-me afastada das pessoas por ora, algumas porque não merecem me ver como estou.
A dor me desfigurou, prontamente.
Outras, porque simplesmente ignoram me enxergar. Me enxergar na alma.

Escolher ter uma vida superficial não é ruim, até te livra de alguma dor que traz o sentimentalismo.

Mas eu não sei o que é isso. E não sei conviver com quem não decide que tipo de vida levar enquanto caminha ao meu lado.

Ignoram-me quando os convém, mas quando a dor deles é maior, me enxergam. Me enxergam como a muleta emocional.
E quando param de mancar? Novamente passam a levar a vida superficial de antes e eu passo a ser inútil.

Mas eu não...


Eu não sei fazer amor com a metade de alguém ausente.
Eu não sei caminhar com alguém de mãos semi-dadas, escorregando.
Eu não consigo aceitar alguém dizer sentir minha falta em uma madrugada vazia, mas não lembrar-se de mim enquanto o mundo a faz companhia.
Não consigo aceitar o meu pranto por alguém que sequer derruba uma lágrima.
Eu não sei, eu não sei viver sem entrega.
Mas não aceitarei me entregar novamente a quem não me enxerga.
Estou me rasgando ainda, o auto flagelo será permanente até que todas as partes ruins sejam eliminadas.
Sei que o mundo não compreende minhas deficiências sociais circunstanciais. E não é justo que eu o peça para esperar.

Já fizeram isso comigo, da maneira mais cruel.
Esperar não é gostoso e quem merece espera jamais te pedirá por isso. Pode até te dar sinais implícitos, aceitáveis e merecedores para tal.
Mas eu não quero mais esperar. Nem me desesperar.

"-Escorregamos no caminho, me desculpe por não te completar..."

Não escorregamos. Você pisou na bola e me derrubou...