segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pretérito perfeito






Meu presente não é tão doce. Chega a ser um quase-meio-amargo.
Não vem envolto sobre laços. Talvez alguns nós que eu tento desatar, todos os dias, antes de dormir.
Me pego no gerúndio, pensando, lembrando, chorando.
Ouvindo minha playlist.
Aquelas mesmas canções que outrora me arrancavam suspiros e risinhos bobos do canto da boca, só por imaginar a sua em todas as partes do meu corpo.
Vou mantendo a face em choque térmico. Ora uma lágrima quente, ora o suor frio.
E vou me adaptando a viver sem o meu adaptado.
Sim, você era algo inventado que eu me dei ao luxo em acreditar.
Me preencheu de uma maneira tão violenta, que me deixou dolorida e com um aperto no peito.

E essa ausência ocupa tanto espaço...

Reviro o passado, bagunço sem medo. Tem lâminas, pedaços quebrados de um espelho qualquer.
Sangro-me!
Mas continuo. Continuo procurando por algo. Um cantinho onde eu possa te guardar.
E mesmo que o tempo não tenha corrido, eu manipulo-o. Afasto as outras dores e então está perfeito.
Tenho um lugar pra você!
Sob uma rosa vermelha, eu te encaixo no frio chão, chamado passado.
Enquanto eu engulo o choro só consigo sintetizar uma fala:
Quando o pretérito é perfeito, o presente se chama saudade.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Entre a dor e o disfarce


A procura de alívio, vou-me definhando
A vida quer de novo apanhar-me
embora só tenha me batido

E o cansaço nos ombros pesa
a dor de quem doa demais
a dor de não encontrar quem me encontre


Amordaço o amor em busca de algum horizonte
e entre a dor e o disfarce
me julgam sem me enxergar

-isso são dores, são dores de amores,
mas há de passar

E pelo estado em que me veem transpassar
ainda conseguem pedir para que eu espere
e trazem meio fôlego
enquanto eu o trago lentamente.


Estiro-me depressiva e exaurida
condenada pela doença que não depende de tempo
tampouco espaço para deixar-me

Me dê mais uma pílula
e uma dose de vida
sem gosto de lágrimas

Já estou vestida das dores
abandonei o disfarce
que já não me serve mais.